Fim da neutralidade de rede ameaça empreendedorismo, alerta professor

A decisão do atual governo norte-americano de classificar o acesso à Internet como um serviço de interesse privado e não mais um serviço público essencial trouxe de volta à tona a discussão em torno da neutralidade da rede. Existe a preocupação de que a mudança de postura dos EUA possa levar a uma rediscussão, no Brasil, dos termos do Marco Civil da Internet, que tem a neutralidade de rede entre seus pilares (embora o governo negue haver qualquer movimentação do tipo). O coordenador da área de direito e tecnologia do Instituto  de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), Eduardo Magrani, alerta que um eventual fim da neutralidade ameaçaria o empreendedorismo na Internet.

O temor de Magrani e de ativistas favoráveis à Internet livre é de que o fim da neutralidade permita que as operadoras de telecom cobrem dos sites e portais na web pela velocidade com a qual os internautas poderão acessá-los. Isso geraria uma segregação do conteúdo na web: os portais com dinheiro para pagar por isso garantiriam ao usuário final uma experiência melhor de acesso, enquanto sites de menor porte não conseguiriam fazer o mesmo. "YouTube e Facebook ganharam o valor que têm hoje porque quando surgiram tinham a mesma velocidade que outros portais já consolidados", compara o professor e pesquisador. Ele entende que se a neutralidade for extinta, grande players de Internet pagarão às teles para terem uma boa velocidade, enquanto os pequenos serão marginalizados.

"As empresas de telecom poderiam diminuir a velocidade para aqueles que não pagarem. Quando demora muito para abrir um site as pessoas desistem. Isso teria um efeito severo sobre novos modelos de negócios e também sobre o tipo de informação que será mostrada para os consumidores. Imagine se houver alguma diretriz ideológica? Certo alinhamento político receberia menor velocidade e outros não? Se houver um recorte ideológico isso geraria um impacto na democracia", alerta.

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Magrani aproveita para rechaçar alterações no Marco Civil lembrando que ele foi aprovado após intensa discussão popular. "O Marco Civil não foi aprovado no calor do momento. Ele é fruto de um anteprojeto que veio de 2009 e que foi colocado duas vezes em consulta pública na Internet. Foi a primeira consulta pública de um projeto de lei da história do Brasil. Qualquer um pôde comentar. Não se pode desconsiderar todo esse processo colaborativo", recorda.

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