Com a nova e inesperada onda de altas nas bolsas e às vésperas da primeira leva de balanços referentes ao terceiro trimestre, analistas do mercado de ações refazem suas contas, aumentando, de uma forma geral, o preço-alvo de boa parte dos papéis do setor de telecomunicações. Há bastante consenso de que os fundamentos das companhias, especialmente de telefonia fixa, são bons, ficando pendente apenas algum temor a respeito do futuro da regulamentação de tarifas.
A corretora Fator Doria Atherino, por exemplo, elevou para R$ 10,59 o target price da Embratel, que, aliás, foi destaque da alta nesta quarta-feira, 8, com valorização superior a 6%.O potencial do papel é de 21%. A Embratel deve voltar a apresentar lucro no balanço, a ser apresentado nos próximos dias.
Já os resultados da Telemar, que devem ser divulgados no dia 30, segundo expectativas do Unibanco, teriam sido fracos no que diz respeito a tráfego. A base de clientes em serviço talvez apresente mesmo uma redução, com 14,9 milhões de usuários, em razão da queda geral de atividade, emprego e renda. Em compensação, a companhia pôde se valer da expansão da sua operação móvel, a Oi, cuja base de assinantes atingiu a marca de 2,6 milhões, com boas chances de chegar aos 3 milhões no final do ano. Segundo ainda análise do Unibanco, espera-se uma diminuição do prejuízo da Telemar, que chegou a R$ 63 milhões no segundo trimestre. A recomendação é de compra, com preferência pelas ON (TNLP3).
Recuperação
Victor Martins, analista do Itaú, chama a atenção para a recuperação de preços de Telesp Fixa que voltou a subir quase 3% nesta quarta-feira, 8, ultrapassando o patamar de R$ 39. Já subiu 20% em outubro.
Há bastante consenso de que não haverá nada de muito surpreendente nos resultados trimestrais da operadora: base de assinantes praticamente estável (o que já é muito bom em conjuntura de baixa atividade econômica) e geração de caixa forte (Ebitda de quase R$ 1,4 bilhão). Receitas e margem aumentaram devido, principalmente, às elevações de tarifas e do tráfego de longa distância. O lucro líquido pode ter beirado os R$ 300 milhões no trimestre.
O relatório do Unibanco destaca o pagamento de R$ 1,8 bilhão em dividendos para concluir que Telesp é uma boa opção para dividendos. O documento lembra que a empresa já não tem muito o que investir, reforçando assim a tendência de oferecer esse tipo de rendimento. A recomendação, porém, é apenas de manutenção do papel.
Também o balanço de Brasil Telecom (BrT) deve apresentar bons resultados trimestrais, segundo avaliação unânime dos analistas ouvidos por TELETIME News. O lucro líquido deve ter variado de R$ 150 milhões a R$ 170 milhões. O número de linhas em serviço pode ficar estável ou um pouco acima do trimestre anterior. Calcula-se que a receita líquida pode chegar a algo acima de R$ 2 bilhões, superior à do trimestre anterior. O problema da BrT passa a ser agora, mais do que nunca, o conflito entre controladores, que pode interferir na estratégia da companhia.