Conteúdo precisa de reserva de mercado, diz Guimarães

Evandro Guimarães, vice-presidente das Organizações Globo, participou nesta quinta, 8, do seminário Políticas de (Tele)Comunicações, e reiterou sua preocupação em relação à falta de uma reflexão sobre o tratamento que se deve dar ao conteúdo brasileiro, em todas as mídias. "A engenharia não pode derrubar a regulamentação, ou melhor, não pode derrubar a Constituição. Temos um modelo colocado que garante uma modesta reserva de mercado para o conteúdo nacional. Tem que ser em todas as novas mídias. Sei que existe a lei da gravidade, sei que as empresas inovarão, porque existe uma necessidade social do invento, mas em que ambiente nós queremos que isso aconteça?", disse Guimarães em relação à oferta de conteúdos por outras mídias. "Estou lutando pelos empregos e pelo interesse nacional".
Carlos Henrique Moreira, presidente da Embratel, reconheceu que esse debate do conteúdo é importante e que de fato é preciso encontrar formas de preservar o conteúdo em todas as mídias. "Como fazer isso é outra questão, não é o foco deste seminário. Mas é uma preocupação importante".
Luiz Eduardo Falco, presidente da Telemar, defendeu a liberdade de escolha por parte do usuário. "Se alguém acha que Cartoon Network é um conteúdo importante para seu filho, e se isso não fere nenhuma lei, não há razão para colocar restrições. O Brasil é ótimo fabricante de conteúdo e enquanto for, todos nós vamos querer distribuí-lo. Mas eu quero distribuir todo o conteúdo que meu cliente desejar".

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Críticas

O vice-presidente da TV Globo também respondeu às críticas de que a Globo, de um lado, defende a preservação do conteúdo nacional, mas, por outro lado, é parte de um oligopólio, em que apenas alguns grupos conseguem produzir e transmitir esses conteúdos. "Em São Paulo existem 21 emissoras. Se algumas são de televendas, algumas são religiosas, e nada contra as religiosas, isso não é um problema nosso. Não somos a Anatel, não somos o Ministério das Comunicações. E a Rede Globo é composta por 121 empresas diferentes, de todo o Brasil, que geram conteúdos regionais".
Questionado sobre que riscos haveriam no fato de que conteúdos estrangeiros, como a série "Lost" e filmes da "Sessão da Tarde", fossem exibidos em outras mídias, assim como são na própria TV Globo, Guimarães respondeu com bom-humor. "Primeiro, é importante lembrar que o Brasil é o país com maior percentual de conteúdo nacional em seu horário nobre. Depois, não sou xenófobo. Adoro a série 'Lost', inclusive peço para meu filho gravar para mim da Internet. Estou falando de uma coisa muito mais sofisticada, de dar empregos, de ter a predominância, de um norte. Não estamos falando de forma radical. As tecnologias têm que vir, o capital tem que vir, não queremos um país dos anos 30. Mas é preciso saber que país queremos".

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