Aumento de produtividade se dará sem subsídios, afirma futuro secretário do Ministério da Economia

Foto: Fancycrave.com / Pexels

O futuro secretário de produtividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, espera conseguir um crescimento do PIB nos próximos anos graças ao aumento da produtividade, mas se distanciado ao máximo de políticas de subsídio para a indústria. Durante discurso em evento da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) nesta sexta-feira, 7, em São Paulo, ele afirmou que a pauta do governo Bolsonaro será com requisitos: "não pode ter mais gastos, nem subsídio, e nem proteção". O entendimento é que, reduzindo a burocracia e sem as ajudas, será possível crescer o PIB em 3,5% já em 2019, chegando a 5% em 2020.

Costa ressaltou que o trabalhador brasileiro tem em média 23% da produtividade de um norte-americano, e que isso representa uma oportunidade para crescimento. "Fazendo as reformas necessárias, destravando a atividade produtiva e tirando os entraves para as empresas, achamos possível", declarou para a plateia de empresários do setor. "Vamos reduzir as ineficiências e chegar a 30% em cinco anos. Dado o multiplicador de produtividade, que é alto no Brasil; e a produtividade americana, que avança constantemente, vamos poder crescer o PIB em 5%", prevê.

A indústria eletroeletrônica também mostra otimismo para 2019, chegando a um "nível de confiança" dentre os associados da Abinee (também chamado por diretores da entidade de "nível de esperança") ao maior patamar em oito anos, alcançando 65,2%, contra 59,2% em novembro de 2017. O que o setor espera é que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, deixe para trás as dificuldades econômicas e políticas dos últimos cinco anos, ainda que não tenha havido anúncios concretos de políticas públicas para essas empresas. Um dos fatores, conforme explica o presidente da associação, Humberto Barbato, é a redução da capacidade ociosa. "Em todas as nossas conversas com integrantes da equipe de transição, e até com o [vice-presidente] General Mourão, a gente deixa claro que a indústria efetivamente pode aumentar a produtividade de forma significativa. Por que nos últimos anos, o quadro que se montou é que a indústria brasileira está defasada, dependendo de benefícios para subsistir. Queremos sair dessa fase e dessa imagem", declarou em coletiva de imprensa nesta sexta, 7.

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Barbato justifica que o novo governo, mesmo com "todas as controvérsias, prometeu mudanças e tem compromissos sérios", e que isso teria impactado na melhora do nível de confiança do empresariado. Em conversa com associados da entidade, também gera otimismo a possível nomeação de  Julio Semeghini como futuro secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Barbato minimizou a sinalização de afastamento da futura gestão Bolsonaro com a China ao apontar que, pelo menos na indústria eletroeletrônica, os países asiáticos não são o maior destino de exportações. "Acredito que exista sim aumento de confiança na medida em que podemos melhorar a relação com os Estados Unidos, penetrando em hubs de comércio exterior importantes e os quais os próprios associados da Abinee há muito tempo nos solicitavam."

Há ainda o aspecto da "abertura lenta e gradual" da economia, expressão dita por Mourão (de acordo com o presidente da Abinee) e que também foi utilizada para introduzir a volta da democracia no Brasil após o período da ditadura militar. Barbato compara com a abertura de mercado realizada durante o governo Fernando Collor, que teria gerado déficit na balança comercial com um processo feito "de maneira improvisada, na marra". Ele diz que procura mostrar para a equipe de transição como a melhora logística e a reforma tributária são fundamentais para andar em conjunto com essa abertura. A associação deverá se encontrar na próxima semana (quarta ou quinta-feira) com o futuro ministro do MCTIC, Marcos Pontes, para discutir mais propostas para destravar o setor.

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