Deputados desqualificam denúncias contra Telecom Italia

Diversos deputados reagiram nesta terça-feira, 7, às denúncias de que executivos da Telecom Italia teriam pago propina para deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia em 2003. As denúncias foram feitas por um ex-executivo da tele à Justiça Italiana, conforme o semanário Panorama, o principal da Itália.
O presidente da comissão, deputado Júlio Semeghini (PSDB/SP), entregou ofício para a presidência da Câmara pedindo a apuração das denúncias e o esclarecimento dos fatos divulgados na imprensa por parte das autoridades italianas. Junto com o pedido, seguiu um relatório com todas as matérias aprovadas um ano antes e um ano depois de abril de 2003 pelo grupo de parlamentares que participaram da comissão, quando teria sido feito o pagamento ilícito dos parlamentares. E, segundo Semeghini, "não há nenhuma decisão tomada pela Comissão de Ciência e Tecnologia que dê qualquer benefício a nenhuma fixa, nem móvel?.
As denúncias geraram manifestações de repúdio dos parlamentares inclusive no Plenário da Câmara. O deputado Jorginho Maluly (DEM/SP) criticou a forma com que as denúncias foram divulgadas. ?A denúncia não cita os nomes dos Parlamentares, por isso considero-a leviana e irresponsável. Peço à Casa e à Comissão de Ciência e Tecnologia, da qual faço parte, que não se omitam, não se calem?, protestou na tribuna.

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O deputado Miro Teixeira (PDT/RJ), que exercia o cargo de Ministro das Comunicações quando teria sido realizada a negociação ilegal, também exigiu que as informações sejam esclarecidas. ?Temos de requisitar o que consta dos autos às autoridades italianas sobre as autoridades brasileiras, mantido o sigilo?, afirmou o parlamentar. ?Existem procedimentos que permitem que nos entendamos com autoridades do País para que se extraiam, dos autos da negociação feita com autoridades italianas, dados relativos às autoridades brasileiras, deputados ou não. Se é que existem, porque às vezes sai uma notícia, e o fato não existe.?
A proposta do deputado foi bem aceita pelo presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), que também levantou dúvidas sobre a idoneidade do ex-executivo da Telecom Italia, Giuliano Tavaroli, que fez a denúncia na Itália. ?De qualquer forma, tomaremos as medidas em consonância com aquilo que os senhores decidirem. E ouviremos a Comissão, ou qualquer líder, ou qualquer Deputado, em defesa, primeiro, da verdade. Mas parto também naturalmente do pressuposto de que essa Comissão não serviu para esse tipo de expediente por parte, digamos, desse ex-presidiário?, criticou o deputado.
O presidente da Casa não exclui a possibilidade de tomar medidas mais drásticas, inclusive legais, caso fique comprovado que as denúncias são falsas.

Sem falar de Nahas

Nenhum dos parlamentares mencionou o fato de as denúncias estarem acompanhadas da informação de que foi o especulador Naji Nahas o suposto recebedor dos recursos vindos da Itália. Nahas, como se sabe, é amigo pessoal do ex-presidente da Telecom Italia, Marco Trochetti Provera, e foi contratado pela empresa no Brasil para prestar consultorias, mas não se sabe qual a natureza destes trabalhos. A única atuação conhecida de Nahas envolvendo a Telecom Italia diz respeito a negociações realizadas entre o grupo Opportunity e os italianos no que diz respeito à compra e venda de participações na Brasil Telecom. Nahas, ao que se sabe, segue trabalhando com o grupo de Daniel Dantas.

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