Anatel prepara "transformação digital" com política de dados e crowdsourcing

(Atualizada dia 08/04 às 19:00) Dentro de uma espécie de "transformação digital" da agência, a Anatel prepara para as próximas semanas a publicação do termo de referência que permitirá a contratação de uma plataforma de levantamento de dados das redes por meio de "crowdsourcing", ou seja, o levantamento de informações sobre desempenho da infraestrutura a partir da experiência coletiva dos usuários. A agência pretende utilizar os dados gerados a partir do uso de aplicativos em smartphones para saber uma série de parâmetros em tempo real sobre a infraestrutura de telecom no país, como velocidade média, cobertura, faixas de frequência utilizadas, latência, tecnologia de acesso, tempo de uso das redes, períodos de maior demanda etc.

Existem algumas opções de aplicativos que desempenham esse tipo de função, a partir de códigos instalados em aplicativos populares e que coletam os dados de uso de forma anonimizada de milhões de usuários. Com isso, a agência espera ter acesso, em tempo real, ao status real da rede e da qualidade dos serviços prestados. Para Leonardo Euler, presidente da agência, isso abre outras possibilidade de atuação da Anatel e dará muito mais precisão nas informações disponíveis. "Temos hoje os dados obtidos via EAQ (Entidade Aferidora da Qualidade), conforme a regulamentação de qualidade de serviços, mas esse dado não é preciso em relação à cobertura (os dados são agregados por UF)", reconhece o presidente, alegando também que existe uma demanda do Tribunal de Contas para que a agência tenha suas próprias informações (a EAQ é uma entidade independente contratada pelas teles, conforme a regulamentação).

Precisamos saber exatamente onde e como os usuários de telecomunicações estão acessando as diferentes redes", diz. As plataformas não coletam dados individuais, mas permitem criar manchas de uso dos serviços de maneira muito mais precisa. "Hoje pode haver localidades com razoável grau de cobertura que a gente nem sabe". A Anatel espera que a plataforma de crowdsourcing permita formar esse quadro. A partir dos dados coletados, a agência consegue saber se o usuário está em uma rede 3G ou 4G e a faixa de espectro utilizada. Se o usuário está em uma rede Wi-Fi, com os dados de endereço IP é possível saber quem é a prestadora de origem e o caminho do tráfego. É possível ainda saber os parâmetros de qualidade em cada ponto da rede (como velocidade, latência). Tudo isso com uma precisão geográfica de poucos metros dada pelos próprios smartphones.

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Outra iniciativa importante da agência nesse processo de aprimorar sua atuação a partir de dados coletados é um esforço de coordenação entre as diferentes áreas da agência. Em breve deve ser submetido ao conselho uma regulamentação disciplinando a coleta dados das prestadoras a partir das diferentes áreas da agência, evitando que as informações sejam solicitadas de maneira repetida e dando, para dentro da agência, uma política de tratamento de dados, explica Karla Crosara, superintendente executiva da Anatel.

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