Presidente da Ericsson sugere políticas públicas para incentivar software e desligar 2G no Brasil

Recentemente empossado, o presidente da Ericsson Brasil, Eduardo Ricotta, sugere políticas públicas para alavancar dois pontos para o setor de telecomunicações: desenvolvimento de softwares e desligamento da rede 2G. Em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, 4, o executivo afirmou que deveria haver um esforço para acelerar a migração de tecnologia, especialmente na questão de terminais.

Isso porque as teles já correm contra o tempo. "Entre 2017 e 2018, o custo de manter a rede 2G vai ser maior do que a receita (da tecnologia) para as operadoras", declara. Disse também que tentar incentivar naturalmente a migração da base implica custo da troca de aparelhos, que pode ser alto para usuários. "Acho que vai chegar a hora de termos uma política pública como foi com a TV digital", sugere. Ele propõe também a criação de uma "thin layer" (camada fina, em tradução livre) para o 2G, uma aplicação que comprime o espectro utilizado (tipo, 2.5 MHz) para a tecnologia legada, deixando o restante da frequência disponível para refarming. 

Além disso, Ricotta sugere que o governo permita o crescimento para desenvolvedores, e não apenas para hardware. "O Brasil precisa de uma política de incentivo a software", enfatiza. A companhia conta com grande número de pesquisas na área de transformação digital, especialmente na parte de billing para teles.

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OMC

Ele explica que a questão de pesquisa e desenvolvimento é particularmente importante diante do impasse com a Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que a unidade de P&D está ligada à fábrica da companhia. "Eles (a sede na Suécia) sabem que é um processo que vai demorar, e nós vamos defender o ambiente", destaca. Novamente, ele diz estar "otimista, mas com preocupação".

Ricotta acredita que, caso a OMC realmente exija modificação na Lei de Informática no Brasil, haverá contrapartidas para "compensar o que se perder" e que permitam continuar a operação da fábrica no País. Uma delas é a participação no programa de financiamento do Finep Telecom, linha exclusiva para empresas brasileiras adquirirem equipamentos de telecomunicação 100% nacionais. Por meio do programa, as empresas brasileiras interessadas poderão adquirir equipamentos certificados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), conforme exposto na Portaria MCT Nº 950 de 12/12/2006. 

Desempenho

Eduardo Ricotta voltou a comemorar o desempenho da unidade brasileira da fornecedora sueca no segundo trimestre, atribuindo especialmente aos contratos para implantação da faixa de 700 MHz. Ele considera que a escolha pela empresa foi "um ponto de vista técnico" que a teria colocado em vantagem em relação às concorrentes chinesas. Há ainda a questão de a linha de produção de estação radiobase (ERBs) inteligentes estar na fábrica de São José dos Campos (SP), além do desenvolvimento de software local, o que permitiriam maior agilidade na entrega para operadoras brasileiras.

Em geral, o executivo assume a presidência em um momento positivo da unidade brasileira. Contudo, a empresa está inserida no contexto do grupo sueco, que obteve resultados financeiros em queda nos últimos trimestres e prevê reestruturações. "O volume de projetos no terceiro e quarto trimestres são grandes (no Brasil), então estamos contratando, mas ao mesmo tempo tem ajustes", afirma.

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