Telemar quer iniciar serviço de IPTV no próximo ano

Programadores e operadores de telecomunicações debateram nesta quarta, 3, na ABTA 2005, as novas tecnologias para distribuição de conteúdo.
Gilberto Sotto Mayor Junior, da Telemar, afirmou que a Telemar já tem um piloto de IPTV, funcionando para cerca de 20 funcionários e transmitindo quatro canais cedidos por uma programadora que não quis citar. Segundo ele, o projeto da operadora está tecnologicamente "bem avançado". "Estrategicamente, temos de esperar os programadores ficarem mais confortáveis", afirmou.
O projeto da Telemar, conforme explicou Sotto Mayor, consiste na transmissão de vídeo através da rede ADSL, usando uma banda de 4 Mbps. "Isso permite carregar um canal em MPEG-2 ou dois canais em MPEG-4", explicou. Questionado sobre o custo de uma conexão de 4 Mbps, Sotto Mayor afirmou que o que torna esse tipo de conexão tão cara é a compra do link com a internet, o que não se aplica no caso da IPTV, pois o conteúdo fica apenas entre a operadora (Telemar) e o usuário.

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Quanto à regulamentação para fazer esse tipo de serviço, Sotto Mayor diz que, com a licença de SCM, já é possível fazer a distribuição de vídeo sob demanda, mas não o serviço de prover canais por assinatura. "Estamos estudando um modelo regulatório para a oferta de televisão", disse, indicandoque a Telemar não vai apenas oferecer serviços eventuais.
Vale lembrar que, conforme adiantou este noticiário, a Anatel entende que um serviço de IPTV não pode ser enquadrado em nenhuma das regras hoje existentes para TV paga. Ainda que empresas de telecomunicações queiram uma outorga de TV a cabo, deverão fazê-lo onde ainda há espaço, de acordo com o plano de mercado do setor, elaborado em 1997. Ainda não está claro se isso se aplicaria aos serviços prestados sobre IP também.
A Telemar espera ter, até o início do próximo ano, um "piloto comercial" do serviço, em caráter restrito.

Novas janelas

Programadores apontaram a entrada dos provedores de conteúdo nas novas mídias digitais como uma "oportunidade que não tem mais volta", como disse Roberto Cibrian Campoy, da Claxson. Silvia Jafet, do Grupo Bandeirantes, e Gustavo Leme, da Fox, concordaram que prover conteúdo para as operadoras de telefonia móvel é, além de uma nova fonte de receita, uma maneira de ganhar visibilidade e alavancar a programação dos canais de TV por assinatura.
Os dois também concordaram que o mercado de TV por assinatura foi frustrante por não cumprir a expectativa de crescimento. "Mas também não existe uma desconfiança (por parte dos programadores) em relação à TV por assinatura. A Band, inclusive, vem lançando novos canais", afirmou Silvia Jafet.
Todos os programdores concordaram que o modelo de negócios em novas tecnologias, tanto para transmissão para telefones móveis quanto para streaming na internet, ainda não está bem definido.
Quanto à IPTV, Cibrian Campoy, da Claxson, lembrou que a questão mais importante ainda é a questão da proteção do conteúdo. Só é possível havendo DRM (digital rights management).
Sotto Mayor afirmou que já existem algumas tecnologias e que as operadoras de telecomunicação estão levando esse ponto em consideração. "O DRM é um dos maiores custos na plataforma IPTV, mas é fundamental", afirmou.

Novos serviços

O executivo da Telemar destacou ainda que as possibilidades de interatividade e serviços para a IPTV "são imensas". Sotto Mayor destacou a possibilidade de ter um identificador de chamados na tela da TV ou ainda enviar SMS. "Ainda temos que aprender o hábito do público, mas precisamos da ajuda dos produtores de conteúdo", afirmou.

Desconfiança

Em outra sessão da ABTA 2005, executivos da área de tecnologia das operadoras de TV por assinatura avaliaram o risco da entrada de empresas de telecomunicações no mercado de IPTV sobre redes ADSL. "É uma tecnologia tão complexa que ainda é muito instável, não se sabe se vai se viabilizar em toda a rede", diz José Felix, diretor operacional da Net Serviços. Antônio João Filho, da Vivax, lembrou que serviços de forte apelo em redes de TV por assinatura convencionais, como Digital Video Recorders, não são facilmente viabilizados numa estrutura por ADSL. Amilton de Lucca, da TVA, lembra o problema dos pontos adicionais, que também não têm solução simples na IPTV via ADSL. Por fim, segundo a avaliação de Felix, não significa que as teles não entrarão no negócio de vídeo. "Só acho que não vai ser via ADSL. É mais provável que seja instalando fibra até a casa do assinante, como nos EUA", diz.

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