T-Mobile anuncia planos para implantar 5G em 600 MHz nos EUA

A operadora norte-americana T-Mobile anunciou nesta terça-feira, 2, planos para implantação de uma rede com capacidade em 600 MHz em todo os Estados Unidos com 5G. A empresa parte da premissa de que a quinta geração não utilizará apenas frequências ultra-altas, e assim espera conseguir a cobertura nacional com o alcance maior da faixa escolhida. O plano é também uma resposta aos projetos de 5G anunciados pela AT&T e Verizon recentemente, mas que contemplam apenas algumas cidades como pilotos.

Há um peso grande do marketing neste anúncio, porém. O plano tem várias condicionais, incluindo a padronização. Por isso, só deverá começar a ser colocado em prática a partir de 2019, após a Conferência Mundial de Radiocomunicações (WCR-19) da União Internacional de Telecomunicações (UIT), que deverá ocorrer justamente nessa época e definirá o padrão IMT-2020, ou 5G. A T-Mobile possui uma fatia de 31 MHz do espectro de 600 MHz adquirida por US$ 8 bilhões, e, por conta disso, planeja "ajudar a guiar a certificação 3GPP para 5G" nessa faixa. "Com os padrões 5G sendo definidos, chipsets são entregues e equipamentos chegando ao mercado, a T-Mobile vai rapidamente implantar a 5G nacional com uma larga faixa de espectro não utilizado", declara em comunicado.

Há outros poréns. Embora a operadora prometa alta capacidade de banda e throughput em áreas urbanas, ela reconhece que só fará isso com uma combinação de espectro "meia-banda" e com ondas milimétricas – a empresa conta com 200 MHz com as bandas de 28 e 39 GHz. Com a faixa de 600 MHz, ela promete apenas "velocidades amplamente melhoradas" e menor latência, sem detalhar a tecnologia, e principalmente, ainda sem dispositivos compatíveis. A proposta inclui ainda o aproveitamento de parte da faixa de 600 MHz com LTE.

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Em mensagem em vídeo, o CEO da T-Mobile, John Legere, afirma que o plano de 5G das outras operadoras são mais focados em acesso fixo. "A ambição delas de que a 5G fixa substitua a Internet residencial nunca vai prover cobertura para 5G móvel, não faz sentido", declara. Em um post passional no blog da empresa, o CTO Neville Ray justifica que "qualquer espectro será espectro 5G", uma vez que a frequência não está associada à tecnologia, como aconteceu com 2G, 3G e 4G. De fato, mas há justamente a questão de harmonização que será discutida na WCR-19. Isso se traduzirá na escalabilidade de produção de chipsets e dispositivos compatíveis com a frequência desejada. Ou seja, "é preciso combinar com os russos" – no caso, outros países, fornecedores, fabricantes e mesmo outras operadoras para o desenvolvimento desse ecossistema.

A fornecedora escolhida para o projeto foi a Nokia, mas a Ericsson também prepara estação radiobase compatível com esse espectro. A Qualcomm deverá apresentar um chipset capaz de suportar a faixa de 600 MHz, segundo Ray comentou recentemente no Twitter. No momento, nenhum aparelho no mercado norte-americano é compatível com a frequência, nem mesmo em LTE.

Posições contrárias

Mesmo ainda sem estar padronizada para 5G, a faixa de 600 MHz foi leiloada pela Federal Communications Commission (FCC) em abril. No Brasil, contudo, a faixa está alocada para a cobertura UHF da TV aberta. Durante a WCR de 2015, a delegação brasileira se mostrou totalmente contrária à destinação justamente por considerar importante para a radiodifusão. Na verdade, o País está alinhado à Europa, que tem posição semelhante de não destinar essa faixa para a banda larga móvel. Dos vizinhos brasileiros, apenas a Colômbia defende a destinação destas faixas ao IMT, o que pode significar, no futuro, a necessidade de ajustes nas zonas de fronteiras. A expectativa é que fique previsto, em notas de rodapé, a possibilidade de uso desta faixa de 600 MHz para o IMT. Vale lembrar, contudo, que os EUA também pressionam a padronização da faixa de 28 GHz. O Brasil, novamente, é contrário à destinação da faixa, atualmente dedicada a serviços de satélite em banda Ka.

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