Sky critica cotas sugeridas no substitutivo do PL 29

O presidente da Sky, Luiz Eduardo (Bap) Baptista, reuniu a imprensa na manhã desta terça-feira, 1° de dezembro, um dia antes da votação do PL 29/2007, projeto de lei que estabelece novas regras para o setor de TV por assinatura, para apresentar um estudo realizado pela Sky que aponta quais seriam as consequências da aprovação do projeto para a empresa e para seus assinantes.
A apresentação focou em um dos pontos mais polêmicos do projeto, que diz respeito às cotas voltadas ao conteúdo brasileiro. Segundo o estudo, o problema começa na definição do que é um "canal brasileiro de conteúdo qualificado". Seria, na leitura da Sky, um canal que não veicule conteúdo religioso, político, étnico, televendas, jornalístico, esportivo e programas de auditório no horário nobre. Assim, diz a operadora, dos 43 canais brasileiros carregados pela Sky, apenas seis contam para essa cota, que estipula que um terço dos canais qualificados têm que ser canais brasileiros de conteúdo qualificado. "Existem canais brasileiros considerados não qualificados, como os de notícias e esportes, por exemplo. Eles são nacionais, e poderão ser trocados por canais novos, que se enquadrem na definição", diz Baptista. O executivo afirma que o projeto não é benéfico sequer para os canais brasileiros existentes, que podem ser substituídos por outros considerados "qualificados" pelo projeto. "Os não qualificados estariam sujeitos a desaparecer em substituição a outros", diz.
Segundo Bap, o cumprimento das cotas levará ao "encarecimento do serviço para o assinante", já que, para cumpri-las, seria necessária uma, entre três mudanças. Uma das opções seria a substituição de canais brasileiros por canais brasileiros "qualificados".

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Segundo o executivo, "novos canais podem estipular preços altos às operadoras. Será que os assinantes vão entender o aumento de preço?", questiona. "Tem mais canal brasileiro sendo prejudicado do que beneficiado", afirma.
Outra opção, seria a transformação de canais internacionais em canais "à la carte" (com a finalidade de alterar a base de cálculo). "A diferença de preço de um canal à la carte para um canal oferecido em pacote varia de 100% a 200%", conta o executivo.
A terceira opção seria a substituição de canais internacionais por canais brasileiros qualificados. "O grande problema é tirar do cliente uma coisa que ele adquiriu e trocar por outra que não sabe se ele quer", afirma.
"Além disso, nossa estratégia HD vai ser prejudicada, pois vou precisar de mais espaço para colocar todos esses canais", diz o executivo. A Sky definiu que não mais lançará novos canais em definição padrão (SD), mas isso pode mudar se tiver que cumprir as cotas.
Meta impossível
O presidente da Sky lembrou ainda que a imposição de que um terço dos canais brasileiros qualificados tenham de ser programados por programadoras brasileiras independentes não é possível de ser cumprida nas atuais condições. "As principais programadoras brasileiras, Globosat, Band e Rá Tim Bum, estão ligadas a grupos de radiodifusão", diz. Ele lembra ainda que uma empresa capaz de manter um canal aberto durante 24 horas, sete dias na semana, é aquela que tem escala para produzir. "Você acaba colocando uma produtora que faz comercial de TV, que não tem escala, no mesmo nível de uma programadora", enfatiza.
Durante a apresentação, o presidente da Sky também se posicionou contrário à restrição da atuação das programadoras, já que o projeto dita que no máximo um terço dos canais brasileiros qualificados pode ser de uma mesma programadora. "Isso significa que ninguém pode ter escala. Só empresas de fundo de quintal (poderão lançar novos canais)?", provocou.
Bap afirmou ainda que dentro do universo de assinantes haverá sempre um grupo que reclamará da saída de um canal. "A essência do meu negócio é ter 200 canais, mesmo que um assinante só veja 15. Se eu tirar um canal étnico do ar, por exemplo, posso ter 30 mil pessoas ligando para meu call center para reclamar", afirma.
Para o executivo, a mudança da classificação de "canais qualificados", que englobasse os canais esportivos e de notícias (no caso da Sky, os canais SporTV, SporTV2, Bandsports, GloboNews , Band News e Climatempo), resolveria 90% dos problemas. "Caso isso acontecesse, teríamos poucos ajustes a fazer". E provocou: "Vai ser divertido ver as teles, que não têm conteúdo nacional, se ajustarem". O serviço OiTV não carrega os canais da Globosat.
Novos canais
A Sky deve anunciar na próxima semana a entrada de três novos canais em sua oferta HD. Um deles é o canal de música da Viacom, Vh1 HD.

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