Brasileiro Fábio Leite disputa diretoria de radiocomunicações da UIT

O jogo geopolítico dos organismos internacionais de telecomunicações volta a esquentar em 2010, e o Brasil tem interesses a defender. O brasileiro Fábio Leite, atualmente vice-diretor do bureau de radiocomunicações da União Internacional de Telecomunicações (UIT), é candidato à diretoria do bureau. A eleição para este e mais quatro cargos-chave dentro da entidade acontecerá na reunião de plenipotenciários, em outubro de 2010, mas a próxima etapa da disputa deve acontecer em abril, durante a reunião do conselho da UIT, quando alguns apoios devem ser definidos e manifestados publicamente. Se o País conseguir emplacar a eleição de Fábio Leite, em outubro, a UIT pode voltar a ter, em uma de suas posições mais importantes, um representante da América Latina, o que deixou de acontecer desde que Roberto Blois perdeu a disputa para secretário geral da entidade, em 2006.
A diretoria pleiteada por Fábio Leite é, talvez, a mais importante dentro da UIT, pois é a responsável por toda a coordenação, harmonização e padronização do espectro radioelétrico e posições orbitais satelitais, território constante de disputa de interesses entre países, enfrentamentos de fornecedores e tecnologias. O bureau de radiocomunicações é o responsável pelo acompanhamento do cumprimento do tratado internacional que regula o uso de espectro e dos acordos internacionais nesse sentido. Segundo Fábio Leite, em entrevista a este noticiário, o papel do bureau é muito próximo ao de um regulador, sem obviamente mecanismos de impor as decisões aos países. O governo brasileiro, com apoio do Ministério das Comunicações e da Anatel, lançou a candidatura de Leite ao cargo durante a última World Telecom, realizada em Genebra no começo de outubro, com manifestação do embaixador do Brasil em Genebra, Roberto Azevedo.
A UIT tem cinco cargos centrais: o de secretário geral, o vice-secretário geral e três diretorias, de radiocomunicações, de desenvolvimento e de telecomunicações.

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O bureau de radiocomunicações tem entre suas tarefas mais relevantes ajudar os países que não têm familiaridade com os tratados internacionais de telecomunicações a terem seus direitos respeitados e protegidos. É o caso, por exemplo, da Bolívia, que vê praticamente inviabilizado o uso de sua posição orbital por ter permitido, no passado, a ocupação de posições adjacentes sem as devidas salvaguardas. Questões como estas, coloca Leite, são cada vez mais comuns dada a crescente necessidade por satélites e espectro. São 191 países na UIT, a maior parte deles com pouca ou nenhuma experiência na geopolítica das telecomunicações.
Ter um brasileiro na posição de diretoria do bureau não significa que o Brasil será beneficiado nas disputas, mas certamente garante que a sua realidade e a realidade regional serão melhor compreendidas no momento em que situações críticas precisarem ser analisadas pela entidade.
Fábio Leite disputa com mais dois candidatos: François Rancy, diretor geral da Agence Nationale des Fréquences (agência reguladora do espectro na França); e Veena Rawat, presidente do Communications Research Centre do Canadá. Nenhum deles atua, hoje, na UIT, ao contrário do brasileiro, que conta com o apoio do atual diretor do bureau de radiocomunicações, Valery Timofeev.
Engenheiro formado pela PUC Rio, Fábio Leite está na UIT desde 1987, já tendo ocupado diferentes cargos, inclusive sendo um dos responsáveis pelo desenvolvimento da padronização IMT-2000. Antes de ir para a UIT, Leite teve a maior parte de sua carreira dentro da Embratel.

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