Brasil precisa reformar o modelo, diz consultoria Oliver Wyman

Um estudo realizado pela consultoria Oliver Wyman, parte de um conjunto de trabalhos sobre infraestrutura chamado Panorama Brasil, que pretende criar uma coleção de dados e evidências empíricas para o diagnóstico dos desafios brasileiros, reforça o discurso de esgotamento completo do modelo de telecomunicações brasileiro, defendido pelas operadoras de telecomunicações e por parte do governo. Segundo o estudo da consultoria, que está acessível por meio deste link, o Brasil é, ao lado da Turquia e Peru, um dos únicos países a ainda adotar o modelo de concessão de telefonia fixa.

Outros países que seguiam a mesma política reviram o modelo em cerca de quatro anos depois de implementados (no Brasil, o modelo está há 20 anos sem revisão). O estudo também é crítico ao modelo do Plano geral de Metas de Universalização e fundos setoriais. Segundo o estudo, repetindo dados da Febratel (que congrega as operadoras e fornecedores de telecom), apenas no estado de São Paulo 75% dos orelhões não são utilizados e 24% têm menos de 20 minutos de utilização anual. Outras metas criticadas são as de obrigação de instalação. Segundo o levantamento, em 3,9 mil localidades, apesar do STFC estar disponível, não há nenhum assinante, e em 7,2 mil (ou 37% do total) há apenas 10 usuários. Mas, sobretudo, há uma dura crítica ao modelo de bens reversíveis, hoje adotado apenas na Turquia, além do Brasil. Para a consultoria, a falta de acompanhamento dos bens reversíveis e a incerteza sobre a interpretação legal que será dada sobre o tema gera grande insegurança jurídica.

Indicadores e multas

Notícias relacionadas

O estudo também faz um levantamento sobre a quantidade de metas e obrigações setoriais. A consultoria aponta 54 indicadores de qualidade que precisam ser seguidos pelas empresas, considerando os diferentes serviços (14 na banda larga, 14 na telefonia móvel, 16 na telefonia fixa e 10 em TV paga) e insiste na necessidade de otimização destes indicadores.

Por fim, o estudo compara as multas aplicadas máximas (R$ 50 milhões no Brasil) com os valores praticados na Espanha (R$ 9,1 milhões), México e Chile (R$ 1,7 milhão em cada um dos dois países).

A conclusão do estudo é que para uma infraestrutura mais eficiente e ágil é preciso a modernização da infraestrutura legal e regulatória (o estudo defende o PLC 79/2016), a utilização dos fundos setoriais para a massificação de todos os serviços de telecomunicações e medidas que permitam a sustentabilidade de investimentos em IoT e 5G.

Congresso

Enquanto isso, segue o impasse sobre a tramitação do PLC 79/2016 no Senado, que reforma o modelo atual em linha com o que sugere a consultoria, pelo menos na questão das concessões de telefonia fixa. A audiência pública que começou a ser realizada no começo de maio pela Comissão de Ciência, Tecnologia, comunicação e Inovação do Senado ainda não foi encerrada, e algumas apresentações estão pendentes. O senador Otto Alencar (PSD/BA) não tem se mostrado disposto a levar o projeto adiante. Além disso, existe uma movimentação para que um requerimento seja apresentado levando o PLC 79 diretamente ao plenário, mas ainda não se chegou ao número de assinaturas suficiente.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!