Huawei tem alta na receita e lucro em 2018, mas divisão de operadoras recua

Divulgado na última sexta-feira, 29, o Relatório Anual de 2018 da Huawei revelou crescimento de dois dígitos nas receitas e no lucro da fornecedora apesar de um cenário de "adversidade" gerado pela crise geopolítica com os Estados Unidos e na qual a empresa está envolvida. No ano passado, o faturamento da chinesa cresceu 19,5%, para 721,2 bilhões de yuans, ou cerca de US$ 107,4 bilhões. Já o lucro saltou 25,1%, para 59,3 bilhões de yuans, ou US$ 8,84 bilhões. Os resultados foram impulsionados pelas divisões corporativa e de consumo, enquanto a unidade de negócios com operadoras recuou 1,3% frente 2017.

Dessa forma, a unidade de consumo ultrapassou a de operadoras e se tornou a principal linha de receitas da empresa após somar 348,9 bilhões de yuans (ou US$ 51,9 bilhões) em 2018. O valor representou aumento de 45,1% em relação ao ano anterior e superou os 294 bilhões de yuans somados a partir da demanda do setor de telecom – ou US$ 43,8 bilhões (em 2017, a divisão de operadoras faturou 297,8 bilhões de yuans). No relatório, a Huawei classificou o resultado como fruto de um momento de "oportunidades e desafios".

No caso das oportunidades, destaque para o 5G: até o fim de fevereiro a empresa contabilizava 30 contratos assinados para desenvolvimento de redes de quinta geração e 40 mil estações radiobase da tecnologia entregues. Ao todo, 182 operadoras já conduziram testes 5G com a Huawei, que citou Telefónica e Vodafone como alguns dos principais clientes globais. Visando o mercado de Internet das Coisas (IoT), a empresa ainda divulgou o fornecimento para 53 redes NB-IoT ao redor do mundo. Lançada no mês passado, a rede NB-IoT da Vivo é uma das que utiliza tecnologia da Huawei.

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Ao mesmo tempo, a divisão de negócios corporativos cresceu em 23,8%, para 74,4 bilhões de yuans (US$ 11 bilhões). Na vertical, a companhia lançou 160 serviços de nuvem e 140 soluções, além de aumentar a lista de parceiros para mais de 6 mil. A fornecedora chinesa ainda revelou que atua em mais de 200 projetos de inteligência artificial em dez setores diferentes.

No caso da unidade de consumo, um dos destaques foi o smartphone com conexão 5G apresentado durante o Mobile World Congress 2019, em Barcelona, mas ainda não lançado. A companhia também apontou o crescimento de sua participação no mercado global e o apetite do consumidor da China, onde a demanda por smartphones topo de linha continua crescendo, ao mesmo tempo que a empresa torna modelos intermediários "mais competitivos" e adiciona novos canais de venda.

A China foi responsável por mais da metade do faturamento total da Huawei no ano passado, ou 372,1 bilhões de yuans (USS$ 55,4 bilhões). As receitas no país cresceram 19,1% no período. Na Europa, Oriente Médio e África (Emea) a taxa bateu 24,3%, para US$ 30,47 bilhões. Na região da Ásia e Pacífico, a alta foi de 15,1%, para US$ 12,2 bilhões. Já nas Américas houve incremento de 21,3%, para US$ 7,12 bilhões. A construção de nova infraestrutura digital por empresas da América Latina foi mencionada no relatório.

Desafios

Pelo lado dos desafios, a Huawei admitiu estar "cada vez mais propensa a enfrentar riscos adicionais internos e externos" e sinalizou que "cada departamento e escritório regional vai intensificar seus esforços para identificar e controlar riscos e ajustar prontamente estratégias".

"Diante de suspeita e exclusão, a confiança dos nossos clientes é a nossa maior motivação. Estamos confiantes que empresas que optarem por trabalhar com a Huawei serão mais competitivas na era 5G. E países que optarem por trabalhar com a Huawei vão ganhar uma vantagem para a próxima onda de crescimento da economia digital", argumentou o CEO rotativo da empresa, Guo Ping.

"Queremos enfatizar que o equipamento Huawei não possui backdoors e que nunca iremos implantá-los. Nós nunca fornecemos informações impróprias para qualquer país ou organização" reiterou a empresa, em menção às acusações feitas pelo governo dos Estados Unidos que levaram ao seu banimento no país. Em paralelo, a fornecedora destacou a parcela de responsabilidade das próprias teles frente a questões de cibersegurança. "Os fornecedores de equipamentos são responsáveis por fazer equipamentos seguros de acordo com padrões da indústria, enquanto as operadoras são responsáveis por garantir operações seguras em suas próprias redes".

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